domingo, janeiro 21, 2007

O eterno Ramalhão



O Palácio (do Ramalhão) que serviu de "refúgio" à rainha D.Carlota Joaquina.

A QUINTA DO RAMALHÃO

Os Migueis querem assalto
A' quinta do Ramalhão:
Onde está preza a rainha
Como falsa á nação.

Eia, avança caçadores,
Eia, avança batalhão,
Vamos salvar a rainha
A' quinta do Ramalhão.

Para a frente caçadores,
A' quinta do Ramalhão:
Aos caipiras insolentes
E' preciso dar lição.

A quinta do Ramalhão
Ditosa se ha de chamar:
Escondeu-se dentro d'ella
Uma pessoal real.

A nossa rainha mãe
Fugiu para o Ramalhão
Por não querer assinar
A nossa constituição.

-Os deputados não fallam,
Só de vós é que eu me queixo,
Assignaste o decreto,
Por isso é que eu vos deixo.

-Dizes bem esposa minha
Eu chorando o assignei.
Sei o que tenho passado
Não sei o que passarei.

No meio d'estes malvados
Não sei o que soffrerei,
Aqui faço o que me mandam,
Sou João, não sou rei.

-Eu assignar não assigno,
Inda que torne ao degredo:
Que eu tenho meu irmão rei,
Tenho meu filho D.Pedro.

Grande magua vae commigo,
Entre suspiros e ais,
Vou cumprir o meu degredo,
Vós no degredo ficaes.

Cancioneiro de músicas populares
Arquivo: Biblioteca Nacional de Lisboa

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