Os meus amigos mais próximos sabem perfeitamente que o curso da minha vida é História!
Contudo, História não tem grande saída profissional e foi esta a razão pela qual não escolhi esse curso!
Não foi uma decisão "em cima do joelho", à pressa no 12ºano, foi uma decisão tomada logo no meu 8ºano e porquê? Porque a minha professora de História nesse ano foi a Dr. Conceição Bueso e para mim ela é um poço de sabedoria, sabe História mais do que muitos licenciados nessa área e ela não é licenciada em História, mas sim em Direito!
Sempre gostei das "leis e companhia" e por isso, decidi ir para Direito, uma vez que tem muita saída profissional, ao contrário do que muita gente pensa. O problema é que todos escolhem o mesmo: advocacia! Ora, o meu objectivo não é ir para advogada, mas sim ingressar na PJ ou no SEF. A minha área de excelência é o Direito Penal e o Direito Processual Penal, e por isso, adoro Investigação Criminal. Contudo, estou feita! Abriu concurso o ano passao, em Maio, para a PJ, e eu terminei o curso em Junho. Disseram que esse concurso tinha sido anulado (e eu toda feliz, pois significava que este ano deviam abrir outro) mas não, estão a chamar os candidatos. Isto quer dizer que tão cedo não abrem outro. Estou inscrita no SEF há dois anos, e faço parte dos candidatos admitidos a provas, mas como não há dinheiro, ainda não chamaram ninguém. Todo o concurso tem um prazo e se até a esse prazo não chamarem os candidatos a prestar provas é anulado. Uma alegria portanto!
Vendo-me nesta situação fico a pensar se tudo valeu a pena. Estou com 24 anos e ainda dependo dos meus paizinhos, muito bonito! E agora que vejo o curso tirado, penso se é realmente isto que quero para a minha vida, porque se não entrar nestes concursos públicos, nada me resta a não ser ir para a Ordem dos Advogados.
Gostava de ser "rato" de biblioteca em Direito, antes pelo contrário, detesto ir para a biblioteca pesquisar coisas que me dizem pouco ou nada. Já em relação a História, devoro tudo o que seja livro, aí sim, adoro ser "rato" de biblioteca, aliás, aí nem sou "rato", mas sim "ratazana". Romances Históricos nem comento. Devoro-os como se fosse uma pessoa que não come há meses. Se eu lesse livros de Direito com o mesmo prazer e vontade que leio os Romances Históricos era sem dúvida uma das melhores juristas da FDL, mas não!
Agora olhando para trás vejo que secalhar deveria ter seguido a minha paixão, porque a escolha que fiz também não me dá um futuro certo! São tempos difíceis!
E depois penso, sempre fui a melhor aluna a História nas minhas turmas ao longo da escola. Sei coisas, que pessoas da minha idade nem sabem o que são e que nunca ouviram falar. Sempre me disseram (amigos e professores) para seguir História. Lembro-me que nas dedicatórias das minhas amigas e professores quase todos diziam: "Vais dar uma excelente professora de História!" ou "Não tenho dúvidas que darás uma brilhante historiadora!".
Lembro-me como se fosse hoje, daquela aula da Professora Emília Rodrigues em que apresentei a matéria sobre as reformas na Igreja mais duas colegas, e como não podia deixar de ser fiquei com o Anglicanismo ;) Fui para a frente da sala sem nenhum caderno ou papel, toda a apresentação saiu da minha cabeça e tudo saiu com naturalidade, até disse o nome das seis mulheres de Henrique VIII e o ano em que casou com elas. Recebi os parabéns da professora e das colegas que até disseram que só quando era eu a apresentar trabalhos é que percebiam a matéria por causa do meu poder oratório. Quem me dera ser assim a Direito. Não se pode querer tudo.
Li pela primeira vez O Nome da Rosa (meu Romance Histórico de eleição) no 8ºano! É complicado uma "criança" ler essa obra, mas eu li-a e desde aí já perdi a conta das vezes que a reli.
Talvez tivesse sido uma das melhores alunas a História na Faculdade de Letras, talvez tivesse tido média para ser assistente nessa faculdade e concretizar o meu sonho de leccionar aulas de História, talvez... talvez... talvez...
É complicado!
Se Deus permitir ainda irei um dia tirar o curso da minha vida!
Passei estes seis anos a pensar nisto e agora que tenho o curso na mão voltei à palermice, se é que alguma vez a deixei!